domingo, 13 de maio de 2012

Abolição da Escravidão

         

 

         Depois da assinatura da Lei Áurea pela Princesa Isabel, há exatos 124 anos, os negros tiveram garantida sua liberdade. Mais de trezentos anos de escravidão terminaram e da noite para o dia milhares de escravos estavam oficial e irrefutavelmente livres. O Brasil finalmente retirava de sua sociedade essa mancha que envergonhava a todos, exceto uma parcela de proprietários de terras e fazendeiros que insistiam em sua permanência. Fomos o último país do mundo ocidental a acabar com a escravidão !




 

      Nas senzalas e quilombos os negros festejaram a lei,  a população também comemorou o fim da escravidão e os jornais escreveram sobre o fato histórico, louvando a sociedade brasileira  de ter se livrado do atraso e de poder olhar para o mundo sem esse peso desmoralizante em suas costas. Pela sua importância, a data passou a ser feriado nacional.

           

         O processo, apesar de longo e difícil, foi pacífico e não foi preciso uma guerra civil parecida com a americana como muitos imaginavam que poderia acontecer. A economia do país não foi destruída e aos poucos a produção voltou ao normal, tanto nas cidades quanto nas fazendas, com a introdução do trabalho livre.

           

          Mais do que garantir o direito da liberdade para os escravos, o Brasil deveria ter se preparado para fazer com que essas pessoas tivessem meios de subsistência após a abolição. Os políticos brasileiros, que se mostraram tão comprometidos com essa mudança, após a conquista de suas ambições abandonaram por completo os ex-cativos à sua própria sorte. A igualdade jurídica não seria suficiente para eliminar as distâncias sociais e os preconceitos que séculos de cativeiro haviam criado. A abolição foi apenas um passo, o primeiro e mais importante, mas ainda assim o começo da emancipação dos negros.

      

    Muitos fatores contribuíram para o processo de abolição no Brasil. O desenvolvimento do capitalismo e a Revolução Industrial haviam condenado a escravidão como forma de trabalho. Os países desenvolvidos rejeitavam-na tanto do ponto de vista econômico quanto do ponto de vista moral. Durante o século XIX, o trabalho escravo passou a ser visto como ignorância e atraso, e a emancipação como progresso e desenvolvimento da civilização. Com o passar do tempo, o grupo dos que eram contra qualquer mudança tornou-se cada vez menor no país. O discurso abolicionista uniu os grupos mais diversos e deu expressão aos interesses mais variados. Foi fonte de inspiração aos intelectuais e instrumento de ascensão política para os políticos.






           Por fim, a abolição não foi catástrofe nem redenção. Ela foi, na maioria dos casos, a aquisição do direito de ser livre para escolher entre a miséria e a opressão. Tudo que foi gerado a partir do livramento e o posterior abandono dos negros na sociedade brasileira está presente até os dias de hoje. As cotas raciais que tanta discussão causaram e ainda causam são só um exemplo recente de como nossa sociedade ainda se vê em dívida com os negros.

 

 

 

 

fonte: "A abolição" de Emília Viotti da Costa



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